E de repente percebeu que tudo aquilo por que lutara havia deixado de ser importante para as pessoasPerguntava-se até se alguma vez o foraChegara a ter a impressão de que se sorriam deleSurdiu-lhe uma angústia enormeO peito doía-lhe e comprimia-seVivera em vão e isso estava para além do que podia suportar
Há partículas do meu sangue vindas do outro lado do estreito de [tariq
Guerreiros de alfange à cinta tomaram muralhas Desbarataram o rei rodrigo Guerrearam-se entre si.
Sangue quente em terra quente Useiro e vezeiro no trabalho violento do gado Manadas conduzidas por léguas e léguas além tejo
Oeste e volta Noites dormidas onde calhava Ao relento e ao luar Noites transfiguradas pela geometria fractal dos corpos celestes.
Este meu sangue da barbaria Alento de macho cobridor sem maldade ou pudor De fácil turvação à vertigem de uns olhos rasgados em tez morena Sangue berbere espalhado sem ida nem volta pelas margens [de aquém Tejo.
O construtor sabe que veio do nada e vai para o nada provém do magma imemorial das origens e sente que não existe outro futuro para além da poeira cósmica resultante da decrepitude inevitável do planeta não lhe basta o instinto vital da procriação frui cada corpo como matéria primeva e análoga a sie luta incessantemente luta o construtor por uma estética do bem que acolha a beleza e a fealdade imanentes o sémen e os excrementos que fertilizarão a massa informe resultante da nova agregação do pó até à eclosão dum outro universo depositário das partículas de nada do construtor.